A crise depois dos 20

Chega um tempo da vida que você muda (amadurece) suas escolhas, muitas coisas que você fez passam a não ter mais sentido, não te completa mais e você vê que já viveu muito e muitas experiências, e as recorda de forma singular, mas mesmo preferindo que essas fiquem guardadas em um lugar que só você mesmo tem acesso, guardar como um tesouro escondido, um segredo entre você e.... você mesma! ;)
Mas aí você começa a refletir sobre o que já fez... Sim, você lembra tudo, vem como vídeo-clip de um filme chamado “Minha vida”.
Ao me ver começo pensando nas roupas que vestia, penso no quanto o muito era pouco (hahah), na adolescência pecava pelo excesso e pela vontade de chamar atenção. Colecionar posts de artistas KLB, BSB e Rouge era minha diversão, era meu investimento, significava status para quem tivesse caderno desses ídolos da década de 80-90. Hoje os únicos papéis que coleciono são as faturas de cartões de crédito, os boletos a serem pagos, vários documentos, garantias, textos e livros que preciso e gosto de ler.
Eu ainda não tinha encontrado meu estilo próprio, era praticamente uma cópia de outras colegas (TOPs) da escola, já passei do estilo roqueiro, patricinha, despojada, menininha até a mulher em miniatura, não era nada de mim, era sim a reunião do que me conferisse ser uma “Star”. Os papéis de carta, figurinhas, álbuns, muitas melissas e as enormes pulseiras de miçangas atolavam meu guarda-roupas. Fico pensando como eu conseguia usar tanta coisa ao mesmo tempo (essas não conversavam, elas brigaaaavam).
Minha relação com os amigos era de amor eterno, ir todos os dias à casa da melhor amiga (a Best friend) e recebe-la em casa todo dia a tarde fazia parte de minha rotina de vida (e que vida feliz eu tinha), era uma relação saudável, brigávamos e 5 minutos depois voltávamos a nos falar e dizer que amava muito a amiga. Essa além de ser “irmã”, era uma confidente, levava seu caderno de perguntas e recordações para o garoto top que você gostava. Ficar sentada na porta era algo diário.
Poderíamos conversar e assistir malhação rindo juntas e comendo pipoca cheia de gordura e sal, hoje não temos como ver mais os amigos, todos trabalham muito, estudam em outra cidade, tem uma família e não sobra tempo para reviver momentos. As amizades são as mesmas, o sentimento também, mas todos seguiram rumos distintos, o açúcar foi substituído por adoçante e o sal abolido (sim, a idade não perdoa ninguém), as telenovelas “tens” hoje dão espaço às conferências acadêmicas e empresariais, e às reuniões empresariais. E para se comunicar os admirados aplicativos para celular que afastam mais ainda pessoas.
Namorar naquela época era pegar na mão e namorávamos sem que a pessoa soubesse que estava (o dia que descobrisse terminava hahahah). Sempre sonhando no príncipe encantado parecido com aquele ator da novela preferida. Muito bom esse pensamento ter ficado no passado, pois agora queremos mais alguém que esteja disposto a estar do nosso lado, cuidando, que tenha uma realidade parecida com nossa agenda loucamente corrida, enfim, alguém que seja menos sonho.
Sonhávamos com profissão que hoje você tem certeza que jamais faria pois descobriu em mundos diferentes e é feliz pela escolha (ou não, mas se não for, mude enquanto há tempo!), eram tantos planos: viajar pra fora do país, casar, profissão X, estar hoje em um bom emprego e com uma família linda, enfim, ter tudo que você sempre sonhou. Mas não tem tempo para viver isso.
As festas e baladas hoje já não fazem sentido, você prefere um vinho com a família e curtir o frio embaixo do edredom á ficar horas nas filas das casas de shows porque o cansaço não permite mais, tem dinheiro mas não usa por está sempre atarefado e cheio de compromissos inadiáveis, perde o crescimento dos filhos, as conquistas familiares e os momentos marcantes.
Entre aqueles amigos, existem alguns que hoje não são nada do que sonharam, se frustraram, a vida que planejou não deu certo, não está em um bom emprego e não casou, MAS curte a vida, os amigos, tem tempo para bater um papo ao entardecer, toma chá com os pais, viaja (somente com o dinheiro da passagem), vai em festas, conhece pessoas legais, tem uma família participativa e mesmo não tendo as coisas “inúteis”, consegue viver a utilidade de um dia após o outro.

Independente do que a vida preparou, sejamos felizes com o pouco que podemos ter!! Vamos viver a utilidade dos momentos, é isso que fica, o resto a gente conquista!!

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