Crônica: O calor que faz no inverno

O inverno é muito quente, ele nos traz a vontade de abraços apertados e de beijos que tiram o ar e te leva pra outra orbita, é como se não existisse mais ninguém, apenas duas pessoas que se querem, se desejam e se devoram.

Nessa noite fria de um domingo qualquer, tomando uma caneca de café (forte e com pouco doce, por favor), parei pra pensar o quão quente poderia ser essa noite. Olhe da sacada do meu apartamento e vejo apenas luzes de uma cidade grande barulhenta, olha para o portão da garagem e você não chega. Fecho as portas, repouso nesse sofá maravilhoso que é nosso cantinho de ... ah, nosso cantinho ;)

As noites frias tem o ponto negativo de usarmos roupas de flanelas, confortáveis e aquela pantufa que ganhei de minha tia no natal passado, cabelos em coque no alto da cabeça, meus óculos dão um toque mais aconchegante ao rosto com expressões de um dia cansativo no trabalho. Fico pensando: Espero você ou vou tirar meu cochilo merecido? Ah, que dúvida: amar ou dormir? Decido tomar outra xícara de café, afinal cafés não trazem decepção.

Mas mesmo querendo esquecer essa sua ausência de hoje, olho para o computador e resolvo checar meu e-mail, afinal, isso poderia tirar a tensão e ansiedade de aguardar algo que nem sei se existe ou se ele volta. Enquanto o Windows processa, me perco em pensamento, fico imaginando você perto de mim, o notebook ligou, leio (releio) cartas, e-mail. Me pergunto porquê toda essa lacuna preenchida com interrogações? Paro e reflito tudo que falei naquele dia em que foi me procurar em sonhos e vejo que eu não quis me arriscar, não quis me envolver e me entregar a essa relação que nada prometia, mas que marcaria de suor nossos momentos e uma vida... Mas o porque hoje você não veio? Porque me encheu de expectativas?

Já são 20h e não consigo manter-me acordada. O telefone toca... É Ele!!!

A alegria e ansiedade se acaba em uma tristeza forte após saber que mais um dia não o terei, em meio a discussão e brigas (não deveria ter perdido tempo com isso), recebo mensagem em um aplicativo, um amigo (Fred – lindo, por sinal): “Hoje tem festa, quero sua companhia, posso ir te buscar?”. Em êxtase fiquei, pensei muitas coisas e loucuras. Lembrei que o faltoso estava na linha ainda tentando se justificar pois teria que ir trabalhar mais uma noite; não me importei mais com sua ausência (afinal, o Fred me queria), louca para desligar, disse que não teria problema e ia dormir.

Desligamos o telefone e iniciou a maratona de me arrumar (roupa, cabelo, maquiagem, perfume e me preparar emocionalmente para o Fred). As 22:00h o interfone toca: “Melissa, estou aqui em baixo, te espero, vai demorar?”, Respondo: “Estou descendo em 05 minutos”. Já estava arrumada há tempos teria que fazer um charme, passei meu perfume (doce e envolvente) e desci (lindamente), toda raiva que estava em mim se transformou em vontade de me arrumar e me divertir nessa festa.

Quando cheguei no carro, encontro você vestindo calça jeans escura, sapato social, uma camisa de cor cinza que combina perfeitamente bem com sua barba aparada. Ao me ver, você saiu do carro e passou as mãos entre os cabelos. Pensei: Meu Gray!! Me senti levitando nessa hora, mas teria que disfarçar... [Controle-se, Melissa, controle-se!].

Nos cumprimentamos e entrei no carro (ele abriu a porta pra mim), uma música instigante tocava, ele tentou um selinho tímido (recusei). Recebo uma mensagem: “Amor, estou chegando em sua casa, me perdoa!”.

Aquela mensagem desestabilizou meu astral, todo aquele clima acabou, me vi longe dali com aquele homem que eu amo mas me machucou muito. Olho pro lado e vejo esse que poderia me oferecer tudo e nada (além disso, é cavalheiro e lindo), mas eu amo o outro. Então, retiro o cito de segurança e penso: Volto pra casa ou retribuo o beijo que o Fred tentou me dar? [...]

Beijos, meus amores...