Oi meus amores,
Hoje venho para falar sobre esse assunto que durante
muitos anos eu evitei, escondi e neguei, mas, hoje considero-me livre, porém
minha história com meu cabelo nem sempre foi harmoniosa. Sou a favor de
aceitar-se, mas penso que o cabelo cacheado nos oferece sim versatilidade, não
me impede de um dia eu querer mudar e usa-lo liso, mas pra falar a verdade, não
o quero liso, quero cachos, juba, volume, frizz, quero minha cultura e meu
natural negro que vai muito além de ter mais ou menos melanina, é uma
identidade expressa por características bem particulares (meu nariz de
batatinha, meu cabelo “pixaim”, meu corpo e minha mente aberta a aceitação
hahah).
Desde pequena sempre relaxei porque todas as amigas
tinham cabelos lisos e elas passavam os dedos entre os fios e descia
escorregando (eu sonhava com aquilo), então fiz meu alisamento no salão, ficou
lindo (pelo menos eu via assim), de lá pra cá a cada 4 meses estava eu lá
morfando na poltrona do salão durante um dia inteiro, somente para torturar e
estragar ainda mais os fios alisados. Cada vez que fazia, eu sentia que meu
cabelo ficava mais áspero, pontas quebradiças e a frente dele muiitooooo
quebrada.
Junto com o relaxamento, vieram as escovas e pranchas,
inicialmente somente na franja, depois no cabelo todo. Hidratar para amenizar o
estrago? Não tinha tempo, e de que adiantava hidratar se eu ia queima-lo
todo...
Minha rotina era fazer escova no domingo e passar a
semana inteira até o próximo fim de semana (ai que nojo rsrs), durante a semana
lavava a franja e pranchava. Esse período de químicas alisadoras perdurou dos 8
aos 22 anos, e eu já tinha até “aprendido” a fazer em casa. Gente, é muito
tempo!! Minhas pontas, a frente e a raiz do meu cabelo já pediam socorro e só
eu não via.
O importante era ser aceita, as pessoas gostarem do
meu cabelo liso e “lindo”, eu não tinha referências crespas ou cacheadas então
nem sabia como era a textura de meu cabelo, não sabia quem eu era. Quantas
vezes deixei de sair e viver, perdi momentos em família e me privei de beijar
na chuva, tomar banho de mar, dançar em uma festa somente para não desfazer a
chapinha... quantas vezes!!
Eu estava cansada daquilo tudo, mas não é fácil você
se aceitar e ser aceita em uma sociedade excludente e preconceituosa. Não vamos
ser hipócritas de dizer “ah, a opinião dos outros não mudam minha vida”. Claro
que influencia, nós mulheres queremos nos sentir bonitas e saber que outras
pessoas também o acham, a auto-estima é importante, mas digo com todas as
palavras: O dia que eu me aceitei eu consegui impor meus gostos e consegui meu
respeito.
Em 2011 decidi não usar mais relaxamento pois queria
clarear meu cabelo e duas químicas não são “compatíveis”, então fazia
E-S-C-O-V-A-S e muitaaaa P-R-A-N-C-H-A, franja totalmente quebrada mas não
deixava de fazer. Em 2013 conheci uma amiga minha (Flavinha), cacheada super
linda, ela sempre me falava “atrás dessa prancha tem cachos lindos, tenho
certeza”, um dia ela me desafiou a lavar o cabelo e usa-lo cacheado para
“testar”, quando fui trabalhar recebi muitos elogios (e críticas idiotas
também), estava ainda metade do cabelo liso, e raiz cacheada (ah transição que
dói, viu?!).
Comecei a cuidar do meu cabelo, nutri-lo, hidrata-lo e
fazer reconstrução. Decidida a ter meus cachos de volta, em 2014 cortei o resto
de relaxamento que tinha, fiquei livreeee!!
Sim, é difícil (mas muito lindo e gratificante) ter um
cabelo cacheado, é como matar um leão por dia, são pessoas que diariamente vem
a te deixar pra baixo. Mas hoje isso não me abala mais, quando eu solto meus
cachos e ele está volumoso, eu me sinto DIVA poderosa. E se for preciso
enfrentar o mundo, eu enfrento.
Porque ter cachos foi minha maior descoberta e saber
que eles são meus (MEUS de verdade) é melhor ainda. E a transição não é um mar
de rosas, mas podem ter certeza, quando os cachos aparecem você percebe que
valeu muito a pena ter passado por tudo isso.
Nós passamos muitos embates mas o primeiro passo para
quebrar os estigmas é respeitando sua essência e se permitir encontrar sua
beleza naturalmente cacheada e crespa. Sempre temos uma madrinha de cachinhos,
a minha é Flavinha.
Ouse! Não esconda sua juba!
Um cheiro ;)
Oh meu Deeeeus! Quanta honra! #flavinhaamademais
ResponderExcluir" A sua história certamente incentiva à nos aceitarmos como somos". Esperei por muito tempo para sair da fase de transição e agora que tudo finalizou estou amando os meus cabelos ao natural.
ResponderExcluirSim, Alê, nossos cachos são lindos e fico feliz pois já consegui sensibilizar muita menina. Volte sempre aqui, linda!!
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