Gênero: A invisibilidade da saúde da mulher com deficiência

O número de mulheres com deficiência intelectual é expressivo, mesmo assim, poucas conseguem ter seus direitos assegurados e garantidos por lei, são duplamente discriminadas pela questão de gênero e por terem alguma deficiência. O preocupante é que profissionais de saúde negligenciam ou não veem tais preconceitos.
Vamos ao ponto: Por que a saúde da mulher com deficiência mental não é vista em sua totalidade? Por que não ir além de um cérebro e contemplar a mulher como um todo? Observamos que a mulher usuária de Centros de Atenção Psicossocial e as que não recebem tal assistência são vistas apenas como uma pessoa que precisa tomar uma medicação para evitar crises e fazer um acompanhamento com a equipe de saúde mental, mas parece que essa mesma não possui útero, colo e vagina que são vulneráveis a terem alterações? Porque a atenção é focada em uma doença? Vamos frisar que a OMS conceitua Saúde como um completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças, e essa saúde ela deve ser de vários sistemas corporais.
Deveríamos entender que além disso, essa mulher poder ter vida sexual ativa (ela é uma mulher!!) e está suscetível a contrair doenças. Diante disso, precisa ser orientada quanto a prevenção, cuidados e tem direito de ser acompanhada por profissionais que avaliam e cuidam de sua saúde íntima. Receber orientações sobre a sua saúde e informações como viver com as modificações do seu corpo, e assim, elas possam se sentir capazes de tomar o controle de sua vida, buscando o respeito e apoio das pessoas.
O porque escrever isso?
Precisamos quebrar todos os estigmas de que a pessoa é deficiente e “só tem cérebro para ser tratado”. Na condição de profissional da saúde, sei do quão limitado são essas discussões de gênero mas ao nos deparar com essa realidade, devemos saber lidar e buscar quebrar tais correntes preconceituosas, segregadoras que só nos afasta da população que precisa de cuidado e atenção – as mulheres especiais.
Para isso, tem que prestar atenção INTEGRAL, e garantir que minha equipe tenha essa visão ampla da mulher. Mesmo que durante a academia quase não se discute, pode e deve debater sobre isso em reuniões com os profissionais e sempre incorporar tal tema nas atividades de educação permanente, dando assim um viés mais amplo.

Precisamos entender as reais necessidades dessas mulheres, não deixando que a condição da deficiência sobreponha o de ser mulher, superar o modelo biomédico com sua base reducionista, oferecer orientações sobre a sua saúde e informações sobre como viver com as modificações do seu corpo e assim, se sentir capazes de tomar o controle de sua vida, buscando o respeito e apoio das pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário